A inocência é a universalidade dos seres vivos, é nela que está a beleza da ignorância de quem vive acreditando.
A minha inocência foi esta:
Francisco Sarmento
Este blogue encontra-se concluído para que outro aconteça agora: http://poemasdesentir.wordpress.com/
sábado, 30 de março de 2013
sabes tio, cada vez mais sinto que estas consequências todas têm origem numa só palavra: mentalidade. Mas já do tempo da monarquia, porque mudaram o regime, serviram ideais mas não mudaram a mentalidade do povo nem o serviram. Porque a ignorância vive de um ou poucos pastores, acho que o mesmo aconteceu com o início da democracia. Falam de números em vez de pessoas, falam de investimentos em vez da qualidade dos serviços estaduais, criticam preconceitos com preconceitos. ensina-nos o esqueleto da democracia na escola, como se fosse um fóssil encontrado, e não como um organismo. na primária, o lápis cor de rosa/beije é chamado cor-de-pele, em cascais, a amadora é anarquismo selvagem e absoluto sem remédio, uma pergunta que comece com "porquê" dirigida a um professor é recebida com outra pergunta "porque é que tu te chamas assim?". dizem que o primeiro-ministro enganou-se três anos, três vezes seguidas (se não estou em erro) mas não dizem que esses erros fazem uma mãe chorar à frente do filho de sete anos. Todos falam a palavra erro sobre o primeiro-ministro, mas um primeiro-ministro não erra, porque um primeiro-ministro tem um conjunto de elites a trabalhar para ele, porque um primeiro-ministro salva ou destrói vidas, mas não se fala disso porque os media são controlados pelas mafias que são mais parolas do que eu. Porque o primeiro-ministro não se enganou mas enganou-nos a todos. E já está provada a corrupção, começando pelas promessas e mentiras do Senhor Passos Coelho. Na Constituição que uma minoria lutou, podemos individualmente acusar esse cidadão, Passos Coelho, e assim se fez, mas o Ministério Público afirmou ser desfundamentado e arquivou. O artigo 21º Direito à Resistência, afirma que todos têm o direito de resistir a qualquer ordem que ofenda os seus direitos, liberdades e garantias e de repelir pela força qualquer agressão, quando não seja possível recorrer à autoridade pública. Mas se eu sentir-me no direito de resistir a um agente da polícia, mesmo tendo eu razão, vou para a esquadra na mesma à força por meio de vários agentes da polícia, e se não me souber defender politicamente, corro o risco de ser espancado lá, ou no mínimo humilhado, mas isto acontece porque se defende primeiro o orgulho e depois os cidadãos, isto acontece porque o salário de um agente da polícia faz os filhos dele passarem fome, e entre escolher uma vida honrada, ver os filhos passarem fome, arriscar a morte todos os dias, defender uma constituição corrupta que não desagrada a ninguém o suficiente para uma revolta séria e receber um salário por baixo da mesa como os colegas e conseguir alimentar os filhos, a segunda opção é humanamente mais solidária. E não censuro por isso. Numa ditadura, é fundamental que o povo passe fome, para que a inteligência se foque num pedaço de pão. Mas todos nos acomodámos. O orgulho português é o de ficar em Portugal enquanto são estúpidos o suficiente para pagarem os impostos ao Governo e assim darem razão ao Governo. A mim, tio, a pobreza e a miséria fez-me ver para lá das coisas, fez-me duvidar das histórias tão constantemente repetidas. E porque é anti-natural nascer para sofrer numa democracia, comecei-me a perguntar porquê, e das lágrimas de uma foz, foi subindo a montanha até descobrir a sua fonte, a sua origem. Ao fim e ao cabo, descobri que a vida humana é política, passou a ser política antes de vida, deixou de ser vida, ou de ter qualquer ideal que seja servidor de todos, mas antes tudo seria uma fantochada, uma ilusão capitalista fácil de desmantelar mas a ignorância não tem voz, ou se a tem, é isso só, uma voz, sem acção. E a voz que tenta espalhar-se é barrada por gente que vive uma fantasia egocentrica e/ou qu e sofre muito mas não o bastante para se revoltar. Porque na escola, não nos ensinam a ser originais, não nos ensinam a criar, não nos ensinam a instruir-nos, mas ensinam-nos o sistema, ensinam-nos a viver nos esgotos que nunca têm um fim, que andam sempre às voltas, que só os que reflectem chegam a um beco sem saída e olham para cima, para o céu e começam uma jornada de descoberta infinita. Ratos, não passamos de ratos, centrados no sexo, fantasiando sermos pavões, que por não encontrarmos o fim nos canos, achamo-nos não infinitos, mas imortais. Continuamos ratos, porque comemos merda, a merda que há nos esgotos, porque os que são maiores que nós, na superfície, cagam-nos em cima. Continuamos ratos, porque procuramos ratas em vez de mulheres. Ratos, feitos de pêlo e nada mais, sem interior, completamente vazios, e por isso procuram o físico, o físico do pêlo, o físico da rata, o físico da espelunca das lojas, o físico do ser, uma ilusão deste capitalismo que se desmancha facilmente porque não existe tal coisa, não existe o físico do ser, apenas o espiritual, e então como prostitutas abstractas, vendem-se ao comprar uma entrada num grupo qualquer social desfundamentada, que só tem o "como" diferente dos "como's" de outros grupos, mas todos têm o mesmo porquê: o físico cheio para substituir o vazio espiritual, e são trágicos, sem opinião própria sobre o mais pequeno tema, e são cómicos, porque a reclamação que fazem do sistema alimenta o sistema. E não existem amanhã, porque foram iguais, iguais como os FPS's de um jogo virtual, que torna os frames iguais por um frame, por isso não existem. Deixam de ser crianças, deixam de ser alguém, porque fizeram uma escolha sem sequer terem escolhido: serem ratos.
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Olá Francisco. É um texto interessante. Força!Abraço. Vitor Sarmento
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