A inocência é a universalidade dos seres vivos, é nela que está a beleza da ignorância de quem vive acreditando.

A minha inocência foi esta:


Francisco Sarmento

Este blogue encontra-se concluído para que outro aconteça agora: http://poemasdesentir.wordpress.com/

sábado, 25 de junho de 2011

Ultramar - Abandonados No Oceano

Esquece esses malfeitores, irmão,
não te preocupes se eles te vierem buscar,
deixa a guerra e ensina-me a ser criador
de um mundo que nunca aparece na televisão.
Dá-me um abraço sempre ao acordar,
sais de casa descansado
mas logo podes não voltar.
Tens uma família que precisa de ti,
a guerra pode estar à nossa porta
mas ainda não entrou.
Não fujas, não te escondas,
a nossa casa não é segura
mas não há outro lugar
onde tu possas descansar.

Olho para a porta da casa
e sinto próximo o dia
em que a mesa terá um lugar vazio,
em que não conseguirei comer
por pensar que estás ao frio,
na noite escura, com uma arma na mão,
sozinho, a matar para não morrer.

Sinto-me enjoado, meu irmão,
sempre foste anti-violência,
mas que lhes interessa?
Foste obrigado,
destruíram todas as tuas crenças,
criaram um cancro na tua alma,
os pesadelos, os sustos,
a apatia, as lágrimas,
a perna ferida...
agora não tens trabalho,
a guerra acabou,
a tua vida foi esquecida,
onze anos e o Estado não pagou.

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