Arranquei as minhas próprias veias
para desenhar as linhas dos meus cadernos.
Vomitei o meu sangue para encher esferográficas
e pintei teias entre o mundo e a minha vida.
Fui para os maus caminhos
e espetei os pés entre agulhas e facas com firmeza.
Arranquei os meus dedos com os dentes,
engoli-os para pesar a minha culpa
entre a opressão e a fragilidade.
Recusei-me a respirar a poluição,
enfiei uma mão dentro da minha boca
e arranquei os meus pulmões.
Espanquei o meu crânio contra a parede
até ficar com a mente louca.
Arranquei toda a minha pele
para fazer dela o meu mundo da escrita.
Decapitei as minhas orelhas
para que não fosse influenciado pelas ovelhas.
Destruí todos os meu pêlos para ficar mais vulnerável
e sujeito a tudo o que não é palpável.
Retirei a minha carne e deixei só o esqueleto
para vestir o meu corpo com a minha alma.
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