Deve ser o piar dos pássaros,
o silêncio dos móveis,
os moços a gritarem no rés-do-chão,
o som quase nulo da televisão,
o ruído da máquina de roupa tão constante
que acabamos por deixar de a ouvir
tornando-se hipnotizante,
a luz do sol a entrar pela janela indirectamente,
iluminando a cozinha suavemente,
o canto junto à porta com um banco
e a mesa do lado esquerdo a apoiar o copo.
É esta a física que vejo.
E tu, o que sentes?
Um ruído de fundo da televisão
que faz parecer a rua em movimento,
um silêncio que provoca o pensamento
que te transporta para as memórias do tempo,
os raios de sol desmascaram o pó
das coisas que não se mexem
ou a escuridão da noite que dá vida
a essas mesmas coisas que te deixam só.
Essa cozinha, onde te refugias,
vives um mundo que é passado,
onde vês coisas que não devias
e fazem do teu presente um fardo.
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