Repudio tudo o que me ensinaste,
cuspo sobre tudo o que vivi,
trago nas minhas costas o peso do mundo,
se isto é o inferno então as chamas da minha mágoa
trazem o calor do sol à minha boca
e se é a desgraça que me espera,
então garanto-te que me vais ver em cada sombra,
em cada lágrima, em cada sorriso triste,
em cada grito, em cada choro,
e sem ninguém saber,
o meu nome vai ser aclamado
em cada ódio, em cada revolta.
Na mínima esperança que haja,
construir-se-á um mundo escondido,
um mundo amado e desprezado,
e nesse pequeno mundo,
verás soldados, verás a maior das guerras,
verás o sangue subvertido,
onde a morte mata por pena...
e aí, sentirás nos teus ossos
as almas nascidas e criadas pela desgraça,
chorarás por cada campa de porcos
onde nos deram de comer,
desconfiarás do que vês,
desacreditarás nas tuas crenças,
chorarás sobre a tua ignorância,
vomitarás, de nojo, o teu próprio coração,
quererás arrancar a tua língua
sobre os julgamentos com que fizeste sexo,
e morrerás louco, mergulhado na vergonha
de teres vivido no céu sem teres vindo à terra.
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