São tudo ideias
tão longe da realidade,
são ilusões
do outro lado da paisagem,
sonhos sem coragem,
histórias abstractas
de passar o tempo,
invenções paralelas,
de alma agarrada a trelas
a viver uma falsa vida
de falsidades
convivendo
somente com falsos,
a sofrer várias modulações
que alteram a maneira de ver
sem que se veja todo o jogo,
nunca somos justos e verdadeiros
mas vamos contribuindo
sem crédito a terceiros,
somos reais
porque o sangue é pesado,
cheio de memórias por contar,
prendendo-nos à terra,
não pesa a alma
mas dá-lhe peso
suficiente para se perder
nos laços do universo
sem que fuja do que se pode ver,
de verdades absolutas
onde se agarrar
com a morte por desvendar
vai tudo se apagar
ou se calhar
entrar em choque
porque nada mais foi real
que a própria morte.
São anos assim
até me perder
sem saber
quem mente a quem,
se sou eu à vida,
se é ela a mim.
E vivo à suspeita
de que haja algo de real
à espreita.
Magoam-se as crenças
porque as certezas gozam
e criam desavenças.
No entanto
as crenças
mandam matar,
torturar e desgraçar
os seus contrários
enquanto as certezas
deixam-nos a rir
e a sentir de como
os outros são otários.
E eu sou o otário
à procura de um barco
para poder ver um céu
com sol e luar.
Mas quanto mais certos estão
mais eu fico a desconfiar
e investigo falhas,
qualquer perturbação
ao esquema da Natureza.
Eu sei que estou vivo,
se estiver num sonho
não importa,
a morte há-de dizer-me
qual é a real porta.
Estou debaixo d'água
afogado numa tempestade irreal
na minha própria banheira,
a afogar a minha mágoa,
talvez a água substitua
este vazio espiritual.
Não posso dizer certezas
mas estou certo das reacções
previsíveis da sociedade.
Porque o que sinto
sobre as minhas interpretações
é mais real que a realidade
que a altera e luto
por ela mesmo se amanhã já era.
Tão certo como a morte
são os acontecimentos do passado
apesar de não ter a sorte
de descobrir como resolver
o que hoje me deixa calado:
a verdade dos factos
que me transformou
e me levou a este fado.
Sem me aperceber
já cheguei aqui,
nunca pensei em viver
mas a verdade
esconde-se no que sou
pelas ruelas das memórias que vivi.
E ninguém melhor que eu
pode contá-las,
não as viveu não pode analisá-las
ou a personalidade já morreu.
Hoje em dia nem há o Fogo de Prometeu,
as lágrimas invadiram a terra
sobre a Humanidade que já morreu
à espera de que a vida não fosse a guerra.
Rio-me lunaticamente
sobre o poder dos senhores,
são a sua própria desilusão
criam dores para ter dinheiro na mão,
mas a morte nunca lhes dará razão.
Estamos perdidos,
só se fala da corrupção
da solidão e da depressão,
agora que têm liberdade de expressão
perderam a razão.
Pensa-se sexualmente de famas
e falham o compromisso com eles mesmos
porque estão numa prateleira dos iguais num super-mercado
querem ser lembrados sendo mais uma folha em remos
para tirar fotocópias de sonhos iguais,
de tão banais que são que têm sempre os mesmo finais.
Tão falsos que quando se querem sobressair
percebem que estão a mais,
sem poderem sair começam a cair
e querem fugir com preguiça
porque acham que ainda estão a vencer
por terem conquistado algum tempo de atenção
enquanto as suas almas estão a morrer
e só ficam vivos por causa do coração.
Tudo o que quero é o amor,
acalma e conforta,
porque não há nada mais forte
que este sentimento,
mesmo que a vida esteja morta
conquista o Fogo por cada momento
em que o amor cicatriza a dor
e o resto conquista-se por consequência
porque amar tem sempre essa preferência.
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