Sinto a tua falta.
Nos remoinhos das tempestades,
naufragando às voltas
até me afundar nas escuridões
profundas do oceano
lembro-me de ti,
de me teres ensinado
que chorar é de ser humano
mas o mar que me afogo
é das minhas lágrimas
e são elas criadoras
do buraco negro do remoinho,
do mesmo buraco negro
que me suga até ao esqueleto.
Este é o abraço que te quero dar,
meu irmão, e nele compensar
o nosso tempo de separação.
É o conforto que a saudade sauda,
reconhecendo-o como a maior vitória
de tudo o que é nossa memória
e o desejo do que não é, ser a nossa causa.
Transformados pela vida,
ou antes ao que a ela sucedeu,
separados tu e eu,
mais uma vez, alguém de partida.
Somos nós assim, movidos pela fé,
na luta sem fim à margem da maré.
Brindemos juntos.
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