Não consigo chorar mais,
estou desidratado,
já não sinto amor...
Tirem-me a alma,
imploro de olhos inchados,
não quero sentir mais dor...
Grito nos vossos tímpanos,
brinco com as minhas mágoas,
tudo isto é uma farsa trágica...
Ajoelhado e rendido,
sem sequer te olhar
nesse teu olhar que não me vê
me vejo vencido...
Vencido na guerra
entre mim e a minha pedra
que se recusa, revoltada,
a encaixar nesta terra...
Que terra tão infértil, esta...
Que água tão salgada...
Que árvore tão seca...
Sou uma mosca
que bate no vidro da janela,
sem o ver, mas insiste,
porque para lá dela
está uma vida livre e bela.
Um vidro que sinto mas não vejo...
o que me agarra àquilo, atrás de mim?
Ó mosquinha tontinha,
porque voas tão desenfreadamente
contra uma janela aberta?
Desesperas contra o nada,
pois nada será quando passares
para um dos três lados...
Talvez a vitória, talvez o fracasso,
seja qual for, voa,
voa pelo céu sonhador
ou pelas terras da realidade,
se tens asas cria-te...
Bem, estou farto,
ou matas ou vai morrendo,
já não quero saber,
apatia é, menos sofrer.
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