A inocência é a universalidade dos seres vivos, é nela que está a beleza da ignorância de quem vive acreditando.

A minha inocência foi esta:


Francisco Sarmento

Este blogue encontra-se concluído para que outro aconteça agora: http://poemasdesentir.wordpress.com/

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Fim do Final - Início

Sou um pote cheio de lágrimas
transparentes, nelas se vêm
o fundo escuro de um caixão.
E se há ondas é porque alguém lhe tocou,
mas não se entendem no meio da confusão
pois tantas são à procura de um lugar
e gritam de desespero...
o meu único desejo e sonho de vida
é ser feliz, sentir-me bem comigo mesmo
mas sempre que me encontro num espelho,
numa fotografia, estremeço...
arrepio-me de dor, a dor de existir
perante o que fui e a inconsistência que sou,
nada é seguro e tudo se perde na escuridão...
sinto-me falhado, mais do que isso...
se ao menos o meu mundo se encontrasse
com o nosso, se, por um milésimo de segundo,
sentisse o paraíso dentro de mim,
a paz inquebrável, invencível...
mas os meus olhos negros perseguem-me
na sombra e vejo-me a pedir desculpa
enquanto vagueio no talvez e no assim-assim...
bem que fui avisado por algo superior
que estes pensamentos podem ser a minha morte,
afinal, é real esta minha dor,
o meu coração bate e eu existo,
estou certo que matarei o que me mata
porque o meu nome é o que é,
os meus olhos são o que são,
e o meu mundo é um papel branco
onde passo o tempo a fazer e a desfazer,
a compôr e a descompôr,
a criar, a matar, a inventar,
sou deus, os meus poemas imortalizam-me
mesmo na impaciência do planeta.
Afinal, no fim de tudo, 
ainda há estrelas no céu por desvendar.

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