E se eu não quiser sangue nas minhas veias?
Porque não és tu que semeias plantas murchas,
animais sem coração, cores para cegos,
músicas para surdos!
Tu não sabes a dor cruel
de pedir ajuda a uma parede...
Tu nunca na puta da tua vida
derramaste uma lágrima
para sarar as tuas feridas!
Tu nunca, nunca adormeceste
desprezando o dia de amanhã!
Nunca! Nunca! Nunca!
Nunca viste alguém que amas
ansiar morrer! Não, nunca
saberás a minha dor
porque a tua carne não é feita
das chamas do inferno...
nem choras todas as noites
na cabra tentativa de as apagar
mas é da tristeza que elas se fazem e desfazem...
e o nojo de mim é tanto, tanto,
que rejeito qualquer afecto brando...
e se me amam, é mentira,
e se me elogiam, são falsos...
foge, Francisco, diz ela,
deste mar de espelhos partidos
que te dividem em cortes...
Hoje, rio-me por desespero,
pela minha ignorância de ser vivo,
sentindo os meus neurónios a desligarem-se,
um por um, a cada lágrima que vai...
Mais um fim que há-de voltar.
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