A inocência é a universalidade dos seres vivos, é nela que está a beleza da ignorância de quem vive acreditando.

A minha inocência foi esta:


Francisco Sarmento

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terça-feira, 8 de novembro de 2011

Beethoven Sinfonia 05 Sonata 14 (Moonlight)

Acabaram-se as palavras,
os sonhos e as esperanças.
Já não há ventos nem espaços
não há silêncios nem tempos.
Morreram as árvores,
os artistas, as flores,
os céus, as núvens ténues…
É o fim da criação,
o choque da evolução.
As circunstâncias
destas estrelas
são cereais
saboreados
ao pequeno almoço,
são conversas banais…
Cidade sem alma,
aterrorizada subtilmente,
ignorada, desprezada
por formigas
ligadas a fios eléctricos,
que caminham
com pensamentos estéticos.
.
Já não há telas brancas
nem folhas limpas,
o tempo é o relógio que o dita,
os horários fazem dos vivos mortos
e a noite é dominada pelo
desprezo.
A paisagem correu
na viagem de comboio
onde o tempo passa
esperando passar rapidamente,
se é que a paisagem já não morreu,
será que ela não existe
ou serei eu?
Eu, que sem alma
me encontro nesta cidade desencontrada,
que compra o amor em pacotes de plástico reciclado
sem saber de onde veio,
que acha saber sem viver
senão num comboio alimentado,
não pelo sonho, não pela esperança
mas pelo prazer mundano dos vícios
do acolhimento palpável
e materializado, falsamente materializado…
Somos bebés amamentados por chupetas
crescidos na deformação do amor
desconfiados de sabor…
somos nós as formigas
que trabalham para serem pisadas,
tão arduamente na casa de alguém,
de um rei qualquer que desconhece
a nossa existência,
a nossa tradição e cultura…
Somos galinhas secas
de muito sabemos contar
tão gordas de mentiras
condenadas a não saber voar…
A única glória é a mentira
de uma história contada
por nós, protagonistas falsos,
contada por alguém que de nada
tem do que podemos dizer ser nosso,
despegado de fantochada.
Vivemos nos calabouços dum castelo
feito de gente pisada como cartas,
numa tentativa absurda de ter importância
subindo escadas de degraus,
ou antes números de pessoas,
sim, massacrar a ganância
com ganância.
É esta a hora em que a fome
se tornou um prazer,
a morte um caminho presente
que tentamos tão desordenadamente
fingir não ser connosco a idade
avançada de memórias
guardadas em masmorras,
presas numa qualquer saudade
inexistente, puramente imaginária,
um total plágio do fracasso escondido,
amando o desconhecido mas real,
puro irreal mas sentido
um descobrimento fatal
de um destino
que aos comuns é sempre igual…

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