A flor amadureceu à medida que a minha infantilidade ia, tão lentamente, tão subtilmente, escapando-se de si própria... e na minha própria mão as suas raízes fundiam-se com os traços da minha face escondida na mão. Ela, ainda contendo apenas uma pena, reflectia uma viciante beleza eternamente mítica, eternamente mística... Alimentava-se dos sentimentos que faziam fechar e apertar a minha mão de uma força contrária à força da transformação que torna uma mulher mãe. Conhecia-a tão bem, já conseguia adivinhar o tempo e sabia perfeitamente onde estavam os astros. Tornara-se num ciclo diário fechado, óbvio, banal...
A qualquer momento a culpa passou a ser minha, eu dei o Presente ao Futuro vivendo com os rastos e os restos do Passado... se alguma vez as palavras tiveram significado então transformaram-se em palavras ditas por um péssimo actor, de uma palete monótona, de expressão forçada... e todas as cores passaram a ser vistas na escuridão, iguais, sem hipóteses de haver gostos... e o sol e a lua e tudo o que os rodeia passou numa janela de um comboio que bazou sem destino...
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