Sara, meu amor,
em tempos maus e em tempos de dor
dá-me vontade de desistir de tudo
e ser cego, surdo e mudo.
Nesses tempos de podre trigo
penso para comigo
que só ando, não por mim,
mas porque sou amigo.
Nesses tempos de tristeza,
onde a rotina já não bate certo,
não vejo neste mundo beleza
senão almofada em que me aperto.
Nesses tempos de negra humildade,
choro em meu ser fragilidade,
onde o gesto e a palavra ganham outro ideal
das pessoas em que me confio e não fizeram por mal.
Nesses tempos de solidão,
onde sobrevivo em quatro paredes,
não há senão escuridão,
deito-me no chão por não sentir solução.
Nesses tempos de cansaço,
onde sinto que para o meu nome não existe espaço,
choro a desgraça de me sentir um fracasso.
Esses tempos, são tempos de guerra,
onde não luto contra a vida nem contra a morte,
onde frustradamente espero que acabe a má sorte.
Esses tempos, são tempos do passado irreversível,
onde não consegues esquecer,
onde terás de aprender.
Dá esperança ao futuro,
pois é incerto
e nem sempre será duro.
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