A inocência é a universalidade dos seres vivos, é nela que está a beleza da ignorância de quem vive acreditando.

A minha inocência foi esta:


Francisco Sarmento

Este blogue encontra-se concluído para que outro aconteça agora: http://poemasdesentir.wordpress.com/

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Parábola Sobre Mim

No comboio, sentado,
imaginava o mundo fora,
pela janela,
e suspirava alegremente
ao olhar para a frente,
mas vendo nada de especial,
retornei a inexpressão banal.

Parando nas estações,
pessoas entravam e saiam,
sem que o ambiente 
absorto se alterasse.

Quando as portas fechavam
voltava-me para a janela
e via a paisagem passar,
imaginando-me lá a correr
livre de tudo e de mim mesmo...

Já anoitecia e aos poucos
o reflexo do interior do comboio
roubava lugar à paisagem,
começando eu a ver-me
misturado com luzes de fora
a passarem velozmente.

Suspirei ao ver os meus olhos,
tudo era uma fantasia
de sonhos inconcretizáveis...

O comboio chega à penúltima paragem
e olho para as pessoas entrando e saindo,
sem valor... 

Até que entra uma rapariga,
com uma amiga, sentando-se
mais à frente, de frente para mim,
olhando-me duas vezes,
e eu aprecio-a, suspirando...

Chegamos ao destino final,
ela levanta-se e eu deixo-me ficar,
saio por último e à porta do comboio
tento-a encontrar no meio da multidão,
vejo-a ao longe e logo me apresso
na sua direcção, ao virar a esquina
encontro-a na paragem,
ela olha para mim,
como se eu fosse parte da paisagem...

mas nem sequer sei o meu próprio fim...

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