Fico magoado, não por me dizeres que estou longe de ser o melhor poeta do mundo, mas por ter consciência de que há tanta gente como tu, tão longe de entender a essência da Poesia. Ambos, tu e eu, vivemos distantes da realidade e da verdade. Eu, na minha escrita, vagueando pelas palavras, perco-me, desde o ar a entrar no meu peito - que logo se transforma noutra coisa - fazendo-me flutuar para outra dimensão, até aos constantes e contínuos arrepios de emoções à flor da pele, separando-me do mundo exterior, tendo nas minhas mãos a máxima liberdade - um papel em branco - vivendo a minha realidade, a realidade oposta e as outras realidades: fantasias e sonhos. Tu, perpetuado pela inconsciência ignorante ou culta, que nas duas formas de existência não entende que não sou servo do mundo Presente, que sou servo único de mim mesmo e que os meus poemas são partilhados mas não são para serem partilhados. Encontrei-me no papel, ainda eu era criança, e sei porque existo por entre as palavras. Sei quem sou e o que procuro nos olhos das almas vivas, aquilo que nos torna similares, humanos. Toda a minha vida se resume numa aventura em busca de me encontrar, e nela, a Poesia, me encontro entre páginas de um diário que só eu conheço muito bem, vividas por mim, e todas essas páginas são do Passado. O Presente e o Futuro sou eu a aventurar-me na minha primeira prioridade: tornar-me humano. Humano, num modo que sinto ter-se perdido entre nós, que nem sequer sei definir mas vai-se definindo a cada poema escrito, ganhando a sua consistência nesses pedaços da minha alma. São os outros que fazem acontecer esta aventura, apesar de ser, na sua essência, solidão. A mesma solidão que me envolve totalmente na escrita esquecendo a existência de pessoas e talvez seja, essa inocência, que me torna universal.
É aqui que ambos nos despedimos.
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