A inocência é a universalidade dos seres vivos, é nela que está a beleza da ignorância de quem vive acreditando.

A minha inocência foi esta:


Francisco Sarmento

Este blogue encontra-se concluído para que outro aconteça agora: http://poemasdesentir.wordpress.com/

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Carta Dentro da Garrafa

Onde começa a minha liberdade é onde acaba a maré.
Onde começa a minha imaginação é onde eu não tenho pé.

Vejo-te, estás perto e longe de mim ao mesmo tempo.
Avanço, sinto algo diferente nos pés,
toda a minha sensibilidade muda quando estou dentro de ti.
Humilde, rastejas a meus pés.

És tudo aquilo que eu não sou.

Avanço.

Agora, apensa sinto dos joelhos para baixo,
tudo o resto deixa de existir.
Ouço-te, tu falas sabiamente e ninguém te pode calar.

És tudo aquilo que eu não sou.

Avanço.

Dividiste o meu corpo a metade,
a que sente e a que não sente.
Chamam-te nomes: oceano, mar, rio, vapor...
mas ninguém se esquece que és sempre a mesma: a água.
Podes ser verde, transparente, potável, não potável, salgada, doce, grande, pequena,
mas todos sabem que és tu e só tu: água.

És tudo aquilo que eu não sou.

Avanço.

Sinto o meu peito, diferente, confortável.
Sinto as tuas carícias, o teu amor, a tua vontade.
Vais em todas as direcções menos na minha

És tudo aquilo que eu não sou.

Avanço.

Entras na minha boca.
Beijas-me, beijas-me sem parar.
Sinto as tuas festinhas.

És tudo aquilo que eu não sou.

Avanço.

Estou totalmente dentro de água.
Os meus pulmões pedem ajuda mas eu sinto-me confortável,
sinto silêncio, sinto paz...
O meu coração bate com mais força,
nervoso, com as minhas pernas cansadas,
mas tu reconfortas-me, aqui quero ficar,
dentro de ti, com a morte a vir buscar-me.

Tens tudo aquilo que eu não tenho.

já não avanço mais, sinto-me esquisito...

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