A inocência é a universalidade dos seres vivos, é nela que está a beleza da ignorância de quem vive acreditando.

A minha inocência foi esta:


Francisco Sarmento

Este blogue encontra-se concluído para que outro aconteça agora: http://poemasdesentir.wordpress.com/

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Uma Página Da Vida - Peluche

Estava na cama, dei por mim deitado de lado agarrado aos lençóis. Rapidamente viajei no tempo, num meu tempo em que, quando era pequeno o suficiente para caber numa cama de grades, dormia com um peluche do meu pequeno tamanho. O peluche não era mágico mas fazia magia... a magia de adormecer sem me lembrar. Aquele monte de pêlo superficial que ganhava vida à noite. Fazia-me festas sem se mexer e eu agarrava-me ao seu reconfortante conforto. No quentinho do ser que é vivo, na sua branca cor na escuridão, no sorriso do conforto e do amor... amor de uma criança que não se dava conta do tempo. Mas esse meu tão querido peluche desaparecera sem deixar rasto na história, alguém o levou e esse alguém não se deve ter lembrado o que é viver criança para me ter feito tal desilusão, para me ter roubado esse meu ser que em mim era ser.
Com este último pensamento voltei rapidamente ao tempo presente, num frio que me fazia tremer, numa escuridão que me arrepiava, num silêncio de morte... estava eu, na noite e na cama, abraçado a um lençol fino e frio, de olhos abertos e de olhos vazios, esperando algo, algo enchia a minha cama, menos de espaço e mais da outra dimensão... um isqueiro sem gás, gastando desenfreadamente a sua pedra, para ver a beleza da chama e sentir o seu calor... e uma das duas velas do meu quarto está acesa, a outra... ficara pelo caminho. Roubaram-me o sono, não tenho sono e se durmo é porque estou cansado.

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